Será que Marte já teve vida? O Rover Perseverance nos dá pistas!

Será que Marte já teve vida? O Rover Perseverance nos dá pistas!

Preparem-se para uma notícia que pode mudar o que pensamos sobre o nosso vizinho vermelho. O **rover Perseverance** da NASA, aquele robozinho superinteligente que está explorando Marte, encontrou umas pistas bem interessantes que sugerem a presença de **vida microbiana em Marte** no passado. É como se ele estivesse farejando um antigo churrasco de micróbios marcianos!

Um estudo novinho em folha, liderado pelo geólogo Dr. Michael Tice da Texas A&M University, revelou que algumas rochas analisadas pelo Perseverance contêm “assinaturas químicas” que podem ser o rastro de vida bem antiga. Pense nisso como encontrar um fóssil, mas em vez de um osso, é uma marca química deixada por seres vivos minúsculos.

Onde o Perseverance fez essa descoberta?

O foco da pesquisa foi uma área da **Cratera Jezero** chamada Formação Bright Angel. O nome é uma homenagem a um lugar lindo no Grand Canyon, aqui na Terra, e foi escolhido por causa das rochas claras de Marte. Essa região, que fica no canal Neretva Vallis de Marte, é cheia de lama fininha (tipo um barro bem compacto) e rica em ferro oxidado (o que a gente conhece como ferrugem), fósforo, enxofre e, o mais legal de tudo, **carbono orgânico**.

Calma, não se assustem com o termo “carbono orgânico”! Não significa que tinha uma floresta lá. Pense no carbono orgânico como os tijolinhos básicos da vida, sabe? Ele pode vir de coisas vivas ou não vivas, como meteoritos. Mas a combinação desses elementos todos juntos é o que deixa os cientistas de cabelo em pé, porque pode ter sido uma fonte de energia e tanto para os primeiros microrganismos marcianos.

O Dr. Tice explicou que, quando o rover chegou na Bright Angel, a equipe ficou chocada com a diferença das rochas. Elas mostravam sinais de um “ciclo químico” que os organismos aqui na Terra usam para gerar energia. E, olhando mais de perto, eles viram coisas que são super fáceis de explicar com a ideia de vida marciana antiga, mas muito difíceis de explicar só com processos geológicos (tipo, só com a ação do vento e da água).

Ele usou uma analogia legal: “Seres vivos fazem química que geralmente acontece na natureza de qualquer jeito, se tiver tempo e as condições certas.” Ele continuou dizendo que, pelo que sabemos, a química que moldou essas rochas precisava ou de muito calor ou de vida. E como não há sinais de muito calor, a vida entra como uma forte candidata. Mas, claro, para ter certeza, eles precisam trazer essas amostras para a Terra e estudar em laboratório.

Os resultados dessa pesquisa foram publicados na revista _Nature_.

Uma janela para o passado aquático de Marte

A Formação Bright Angel é feita de rochas sedimentares, ou seja, rochas que se formaram com o acúmulo de sedimentos trazidos pela água. Isso inclui as tais mudstones (rochas fininhas de silte e argila) e camadas que indicam um ambiente dinâmico, com rios correndo e água parada. Usando os instrumentos do Perseverance, como os espectrômetros SHERLOC e PIXL, os cientistas encontraram moléculas orgânicas e arranjos minerais que parecem ter se formado por “**reações redox**”.

O que são **reações redox**? Imagine que é como uma troca de figurinhas entre átomos. Um átomo dá um elétron (a figurinha) para outro. Aqui na Terra, essas trocas de figurinhas são muitas vezes impulsionadas pela atividade biológica, ou seja, por seres vivos. É como se os micróbios estivessem jogando um jogo de “passa a figurinha” para conseguir energia.

Entre as coisas mais chamativas, estão uns nódulos minúsculos e umas “frentes de reação”—apelidadas pela equipe de “sementes de papoula” e “manchas de leopardo”—que são ricas em fosfato de ferro ferroso (provavelmente vivianita) e sulfeto de ferro (provavelmente greigita). Esses minerais geralmente se formam em ambientes frios e cheios de água, e são frequentemente ligados ao metabolismo de micróbios. É como se fossem os restos de uma festa microbiana!

“Não são só os minerais, é como eles estão organizados nessas estruturas que sugere que se formaram através do ciclo redox de ferro e enxofre”, disse Tice. “Na Terra, coisas assim às vezes se formam em sedimentos onde micróbios estão comendo matéria orgânica e ‘respirando’ ferrugem e sulfato. A presença deles em Marte levanta a questão: será que processos parecidos aconteceram por lá?”

Matéria orgânica e química redox

O instrumento SHERLOC detectou uma característica espectral Raman conhecida como banda G, que é uma assinatura de **carbono orgânico**, em várias rochas da Bright Angel. Os sinais mais fortes vieram de um lugar chamado “Templo de Apolo”, onde a vivianita e a greigita eram mais abundantes. É como se o Perseverance tivesse encontrado o epicentro da atividade orgânica!

O **rover Perseverance** chegou ao local Bright Angel em Marte navegando por um campo de dunas e desviando de pedras grandes. Agora, ele está investigando as características geológicas únicas dessa área para entender as condições ambientais passadas de Marte e ajudar na futura exploração humana. (Crédito: NASA/JPL-Caltech)

“Essa localização conjunta de matéria orgânica e minerais sensíveis a redox é muito convincente”, disse Tice. “Isso sugere que as **moléculas orgânicas** podem ter tido um papel importante nas reações químicas que formaram esses minerais.”

Mas o Tice faz uma observação importante: “orgânico” não quer dizer necessariamente que foi feito por seres vivos. “Significa apenas ter muitas ligações carbono-carbono”, explicou ele. “Existem outros processos que podem fazer isso além da vida.” O tipo de matéria orgânica encontrada aqui pode ter sido produzida por processos abióticos (sem vida) ou por seres vivos. Se foi por seres vivos, ela teria sido degradada por reações químicas, radiação ou calor para produzir a banda G que vemos agora.

O estudo apresenta dois cenários possíveis: um em que essas reações aconteceram de forma abiótica (impulsionadas por processos geoquímicos) e outro em que a **vida microbiana em Marte** pode ter influenciado as reações, assim como acontece na Terra. O mais impressionante é que, embora algumas características dos nódulos e frentes de reação pudessem ser produzidas por reações abióticas entre matéria orgânica e ferro, os processos geoquímicos conhecidos que poderiam ter produzido as características associadas ao enxofre geralmente só funcionam em temperaturas bem altas.

“Todas as formas que temos de examinar essas rochas no rover sugerem que elas nunca foram aquecidas de uma forma que pudesse produzir as manchas de leopardo e as sementes de papoula”, disse Tice. “Se for esse o caso, temos que considerar seriamente a possibilidade de que elas foram feitas por criaturas como bactérias vivendo na lama de um lago marciano há mais de três bilhões de anos.”

Embora a equipe enfatize que a evidência não é uma prova definitiva de vida passada, as descobertas atendem aos critérios da NASA para “**biosignatures**” potenciais—características que merecem mais investigação para saber se são de origem biológica ou abiótica.

Uma amostra que vale a pena trazer de volta

O Perseverance coletou uma amostra de rocha da Formação Bright Angel, batizada de “Sapphire Canyon”, que agora está guardada em um tubo selado no rover. Essa amostra está entre as priorizadas para serem trazidas de volta à Terra em uma futura missão. É como um tesouro esperando para ser aberto!

“Trazer essa amostra de volta à Terra nos permitiria analisá-la com instrumentos muito mais sensíveis do que qualquer coisa que podemos enviar para Marte”, disse Tice.

“Poderíamos analisar a composição isotópica da matéria orgânica, a mineralogia em detalhes e até procurar microfósseis, se existirem. Também poderíamos fazer mais testes para determinar as temperaturas mais altas que essas rochas experimentaram e se processos geoquímicos de alta temperatura ainda seriam a melhor forma de explicar as **biosignatures** potenciais.”

Tice, que estuda ecossistemas microbianos antigos na Terra há muito tempo, disse que os paralelos entre os processos marcianos e terrestres são impressionantes—com uma diferença importante.

“O que é fascinante é como a vida pode ter usado alguns dos mesmos processos na Terra e em Marte na mesma época”, disse ele.

“Vemos evidências de microrganismos reagindo ferro e enxofre com matéria orgânica da mesma forma em rochas da mesma idade na Terra, mas nunca conseguiríamos ver exatamente as mesmas características que vemos em Marte nas rochas antigas daqui. O processamento pela tectônica de placas aqueceu demais nossas rochas para preservá-las dessa forma. É algo especial e espetacular poder vê-las assim em outro planeta.”

Mais informações: Joel A. Hurowitz et al, Redox-driven mineral and organic associations in Jezero Crater, Mars, _Nature_ (2025). [DOI: 10.1038/s41586-025-09413-0]

 

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