O Mistério Cósmico: O Gigante “Super-Puff” Exoplaneta WASP-107b Está Vazando Hélio
A Descoberta que Desafia a Ciência Planetária
Imagine um planeta tão leve e fofo que parece um algodão-doce cósmico. Agora, imagine que esse gigante gasoso está, literalmente, vazando. Essa é a incrível história do Exoplaneta WASP-107b, e a confirmação desse fenômeno veio graças ao poder inigualável do Telescópio James Webb exoplanetas (JWST). Uma equipe internacional de astrônomos, incluindo pesquisadores da Universidade de Genebra (UNIGE), observou nuvens gigantescas de hélio escapando deste mundo distante, oferecendo pistas cruciais sobre como os planetas evoluem.
Mas, afinal, o que significa um planeta estar “vazando”? E por que isso é tão importante para a ciência?
O Fenômeno do Escape Atmosférico: Uma Explicação Simples
Para entender o que está acontecendo com o WASP-107b, precisamos falar sobre o Escape Atmosférico planetário. Pense na atmosfera de um planeta como o ar dentro de um balão. Se o balão estiver muito quente ou se houver um pequeno furo, o ar começa a escapar lentamente.
No espaço, o “furo” é a intensa radiação da estrela, e o “ar” são os gases leves da atmosfera, como o hidrogênio e o hélio. A gravidade do planeta tenta segurar esses gases, mas a energia da estrela os aquece tanto que eles ganham velocidade suficiente para vencer a atração gravitacional e se perderem no espaço.
A Terra, por exemplo, perde cerca de 3 kg de matéria (principalmente hidrogênio) a cada segundo. É um processo lento e irreversível. No entanto, em planetas muito próximos de suas estrelas, como o WASP-107b, esse processo é acelerado e se torna um fator determinante na sua evolução. É por isso que o estudo do Escape Atmosférico planetário é vital: ele pode explicar por que alguns mundos mantêm suas atmosferas e outros, como Vênus, acabam secos e inóspitos.
WASP-107b: O Estranho “Super-Puff”
Descoberto em 2017, o Exoplaneta WASP-107b é um verdadeiro enigma. Ele orbita sua estrela sete vezes mais perto do que Mercúrio orbita o nosso Sol, o que o torna extremamente quente. O mais fascinante, porém, é a sua densidade.
Para usar uma analogia simples, se Júpiter fosse uma bola de basquete, o WASP-107b seria uma bola de basquete do mesmo tamanho, mas preenchida com apenas um décimo da massa. Ele é tão leve e inchado que os astrônomos o classificaram como um Planeta Super-Puff. Sua densidade baixíssima sugere que sua atmosfera é vasta e extremamente expandida, quase como uma bolha de sabão gigante.
O Vazamento de Hélio WASP-107b e o Olhar do JWST
As observações do JWST foram revolucionárias. Pela primeira vez, os cientistas conseguiram identificar o hélio — um elemento químico que nunca havia sido detectado pelo telescópio em um exoplaneta — escapando em grandes fluxos.
O Vazamento de Hélio WASP-107b foi detectado na exoesfera, a camada mais externa da atmosfera. O que é notável é que essa nuvem de gás é tão extensa que começa a bloquear a luz da estrela antes mesmo de o planeta passar à sua frente. Os modelos criados pelos pesquisadores confirmam que esses fluxos de hélio se estendem por quase dez vezes o raio do planeta, tanto na frente quanto atrás dele, seguindo seu movimento orbital.
Essa observação detalhada, feita pelo Telescópio James Webb exoplanetas, não apenas confirma o fenômeno do escape atmosférico, mas também permite aos cientistas mapear a dinâmica desse vazamento com uma precisão inédita.
Pistas para a História de um Mundo Distante
Além do hélio, o JWST também confirmou a presença de água, monóxido de carbono, dióxido de carbono e amônia na atmosfera do WASP-107b. Curiosamente, não foi encontrado metano, um gás que o telescópio é perfeitamente capaz de detectar.
Esses elementos químicos e a própria natureza do Planeta Super-Puff fornecem pistas valiosas sobre a sua origem. A teoria mais aceita é que o WASP-107b se formou muito mais longe de sua estrela e, em algum momento, migrou para sua órbita atual. Essa migração, combinada com a intensa radiação estelar, teria “inchado” sua atmosfera e provocado o Vazamento de Hélio WASP-107b que observamos hoje.
O estudo do Exoplaneta WASP-107b serve como um marco para entendermos a evolução e a dinâmica desses mundos distantes. Afinal, ao desvendar como um planeta perde sua atmosfera, estamos um passo mais perto de entender como a vida pode surgir — ou ser impedida de surgir — em outros cantos do universo.
Baseado em pesquisa publicada na revista Nature Astronomy (DOI: 10.1038/s41550-025-02710-8).




Publicar comentário