Telescópio Roman da NASA: Desvendando os Vazios Cósmicos e os Segredos da Energia Escura

Telescópio Roman da NASA: Desvendando os Vazios Cósmicos e os Segredos da Energia Escura

Você já olhou para o céu noturno e se perguntou sobre os imensos espaços vazios entre as estrelas? Embora o universo esteja repleto de galáxias, com estimativas chegando a dois trilhões, elas não estão espalhadas aleatoriamente. Em vez disso, formam uma vasta teia cósmica, uma estrutura impressionante de filamentos e aglomerados.

Imagine o universo como uma esponja gigante. As partes sólidas da esponja são onde as galáxias se concentram, enquanto os buracos são regiões vastas e escuras, conhecidas como vazios cósmicos. Essas “bolhas” de espaço, que podem se estender por centenas de milhões de anos-luz, são um dos maiores e mais misteriosos componentes da estrutura universal. E é para lá que o novo e poderoso Telescópio Espacial Nancy Grace Roman da NASA irá apontar.

O Telescópio Roman, com sua visão ampla e profunda, está prestes a revolucionar nosso entendimento sobre esses gigantescos espaços vazios. Ao mapeá-los com uma precisão sem precedentes, os cientistas esperam encontrar respostas para uma das maiores questões da física moderna: a natureza da energia escura, a força misteriosa que está acelerando a expansão do nosso universo.

A Receita do Universo: Matéria, Escuridão e Expansão

Para entender a importância dos vazios cósmicos, precisamos conhecer os ingredientes básicos do universo. Tudo o que vemos – planetas, estrelas, galáxias – é feito de matéria normal. No entanto, ela representa apenas 5% de todo o cosmos. O restante é composto por dois componentes invisíveis e enigmáticos: a matéria escura (cerca de 27%) e a energia escura (cerca de 68%).

A matéria escura atua como uma espécie de “cola” gravitacional, ajudando a manter as galáxias unidas. Por outro lado, a energia escura funciona como uma força oposta, empurrando tudo para longe e acelerando a expansão do universo. Como os vazios cósmicos são regiões com muito pouca matéria, eles são dominados pela energia escura. Isso os torna laboratórios naturais perfeitos para estudar essa força.

Mapeando o Vazio com o Telescópio Roman

O Telescópio Roman realizará um grande mapeamento do céu chamado High-Latitude Wide-Area Survey. Essa pesquisa observará uma área do céu equivalente a 12.000 luas cheias, olhando para longe do plano congestionado da nossa Via Láctea. O objetivo é detectar dezenas de milhares de vazios cósmicos, alguns com “apenas” 20 milhões de anos-luz de diâmetro.

Para criar um mapa 3D preciso, os astrônomos usarão duas informações cruciais coletadas pelo Roman: a posição das galáxias no céu e o seu redshift cosmológico. O redshift é como o efeito Doppler para a luz; ele nos diz o quão rápido uma galáxia está se afastando de nós. Quanto mais distante, mais rápido ela se afasta devido à expansão do universo, e sua luz se desvia para o vermelho. Medir isso com precisão permite calcular a distância e construir um mapa tridimensional.

O Teste do Bolo Cósmico

Os cientistas usam uma analogia divertida para explicar como testarão suas teorias: a receita de um bolo. Imagine que o universo é um bolo e os ingredientes são a matéria normal, a matéria escura e a energia escura. Se você usar a receita (ou seja, o modelo cosmológico) correta, o bolo final terá a aparência esperada. Se não, algo está errado com os ingredientes.

Nesse caso, a “aparência” do bolo é a forma média dos vazios cósmicos. Em um universo que é uniforme em grandes escalas, espera-se que os vazios sejam, em média, esféricos. Ao empilhar estatisticamente as imagens de milhares de vazios, o Telescópio Roman permitirá verificar se essa forma esférica se confirma. Se o resultado for uma forma distorcida, significa que a “receita” do universo precisa ser ajustada, revelando novas pistas sobre a energia escura.

O Poder Incomparável do Roman

O que torna o Telescópio Roman tão especial para esta tarefa é sua capacidade de ver galáxias muito mais fracas e distantes do que outros observatórios, como a missão Euclid da Agência Espacial Europeia (ESA). Como os vazios são definidos justamente pela ausência de galáxias, ser capaz de detectar as poucas e tênues galáxias que existem dentro deles é fundamental.

Essa sensibilidade aprimorada fornecerá uma densidade de dados muito maior, permitindo um mapeamento mais detalhado e uma compreensão mais profunda de como a energia escura molda essas vastas estruturas. Com o Roman, estamos prestes a iluminar os lugares mais escuros do universo para desvendar seus segredos mais bem guardados.

E não se esqueça, mantenha sempre seus olhos no céu!

Perguntas frequentes

O que são vazios cósmicos?
São regiões imensas no universo que contêm muito poucas galáxias. Eles se parecem com grandes bolhas vazias na teia cósmica formada pela distribuição de galáxias e podem ter centenas de milhões de anos-luz de diâmetro.

Por que estudar os vazios cósmicos é importante?
Porque eles são dominados pela energia escura, a força misteriosa que acelera a expansão do universo. Estudar a forma e a evolução dos vazios ajuda os cientistas a entender a natureza da energia escura e a testar nossos modelos sobre o cosmos.

Qual a diferença entre energia escura e matéria escura?
A matéria escura é uma forma de matéria invisível que gera gravidade, ajudando a formar e manter as galáxias unidas. A energia escura é uma força repulsiva que age contra a gravidade, fazendo com que o universo se expanda cada vez mais rápido.

Como o Telescópio Roman vai observar esses vazios?
O Roman vai mapear uma grande área do céu, detectando a posição e a distância de milhões de galáxias. Ao identificar as regiões com poucas galáxias, ele criará um mapa 3D detalhado dos vazios cósmicos, permitindo que os cientistas estudem suas propriedades com uma precisão inédita.

Referências

NASA’s Roman Telescope Will Observe Thousands of Newfound Cosmic Voids


https://iopscience.iop.org/journal/0004-637X
https://www.esa.int/Science_Exploration/Space_Science/Euclid

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